Tradicionalmente invocada pelos doentes (como afirma o Padre Antônio Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para ser Senhora da Saúde [...]»), tornou-se particularmente cultuada a partir dos finais do século XVI, sendo-lhe atribuída a intervenção miraculosa que levou ao fim de vários surtos de peste ocorridos em Portugal. Em sua honra, nas povoações libertas do flagelo, foram-lhe erigidas igrejas ou dedicadas velhas capelas preexistentes.
Assim, o primeiro surto, ocorrido em Lisboa no reinado de D. Sebastião, em 1568, atingiu o seu ponto máximo no Verão do ano seguinte; ante a elevada mortandade (que levou mesmo a que o rei pedisse ao tio Filipe II de Espanha que enviasse médicos para Portugal, para auxiliar no combate à doença), a população da capital começou a organizar procissões em honra da Virgem, para que por sua intercessão pudesse cessar a peste. Tendo a mortalidade decrescido até ao começo da Primavera seguinte, o povo agradecido passou a celebrar anualmente uma procissão em honra de Maria, sob a invocação de Nossa Senhora da Saúde, no 1.º Domingo de Maio (salvo raras excepções). A imagem protectora foi depositada na Igreja do Colégio de Jesus, tendo mais tarde sido transferida, em 1662, para a pequena Capela de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião da Mouraria, na freguesia de Santa Justa, próxima ao Rossio. A sua procissão é amplamente concorrida todos os anos.
Um novo surto da doença, em 1599, tornou mais visível a devoção pela Senhora da Saúde. A pestilência era tão intensa que muitas pessoas fugiam da capital para os arredores, em busca de ares mais saudáveis. Foi nesse contexto que, por exemplo, nasceu a devoção à Senhora da Saúde na povoação de Montemor, em Loures, onde logo foi erguida uma capela à Virgem. (Capela de Nossa Senhora da Saúde de Montemor).
Do mesmo modo, também nessa altura, em Sacavém, nos arredores da capital, foi encontrada uma imagem de Maria com o Menino nos braços que, invocada como Nossa Senhora da Saúde, se diz ter feito cessar a peste; a imagem foi depositada na Capela de Santo André aí existente, passando a ser todos os anos magnificamente cultuada com uma grandiosa procissão.
A devoção a Nossa Senhora da Saúde, na cidade de Boa Saúde, no Rio Grande do Norte, começou com a construção da capela e a vinda da imagem da Europa, mais provavelmente de Portugal, por iniciativa de Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira.
São muitos os devotos de Nossa Senhora da Saúde, que durante o ano, visitam sua igreja para obter ou agradecer uma graça por sua intercessão. Mas, nos dias 31 de janeiro, 01 e 02 de fevereiro milhares de pessoas, participam da tradicional Festa em honra a Padroeira.
A consolidação dessa devoção a Nossa Senhora da Saúde, segundo a tradição, completa aproximadamente cerca de 140 anos em fevereiro de 2018, uma vez que o documento mais antigo que se conhece e faz referências ao nome de Boa Saúde, data de 22 de junho de 1878 (Fonte: Boa Saúde Origem e História, paginas 31 e 32).
Assim, podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que a festividade em honra a Nossa Senhora da Saúde é a mais forte tradição sócio-religiosa da nossa terra reunindo milhares de pessoas dos municípios vizinhos, de outras regiões e de outros estados. Ela faz parte da nossa história e se constitui num patrimônio imaterial da cidade de Boa Saúde, no Rio Grande do Norte, e do nosso povo.
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